Encontrei hoje, sem combinar, uma antiga (?) aluna minha, a Julyara. Acho que só ela sabe a alegria que senti ao revê-la pois não pude contê-la nos olhos, e tive de abraçá-la longamente, na entrada do shopping. Algumas das pessoas que (re)encontramos em nossa trajetória pela vida são daquelas em que o reconhecimento é fácil, a simplicidade é a regra e os olhos dizem mais que o suficiente. Essas pessoas são alunos, professores, desconhecidos nos ônibus, floristas, encanadores, músicos; estão em todos os lugares, e acredito que elas existam na proporção da abertura de cada um de nós para o mundo. Desde a infância reencontramos muitas dessas pessoas, e crescemos experimentando o mundo também com elas e por elas.
Me lembro de um evento entre eu e a Julyara, do qual eu não mais me recordava, depois de tantos anos sem vê-la. Viajamos para Ilhabela na formatura da Oitava Série dela. Ao longo de todo o ano, tudo o que havíamos convivido naquele primeiro ano de escola – para além do trabalho como professor e aluna – havia se resumido àquelas conversas fortuitas em corredores ou papos entrecortados durante os almoços. Ao chegarmos à praia, talvez na terceira ou quarta noite, estávamos todos à beira-mar, professores e alunos, conversando em grupinhos próximos, e notei que a Julyara parecia triste, e andava mais afastada de todos. Aqueles que me conhecem sabem que não sou o tipo de sujeito que chega perto dos outros para convencê-los a voltar para o grupo; desde criança me sinto mais à vontade ao me juntar aos que saem...
Não preciso revelar o teor da conversa, mas posso dizer que contamos um pro outro naquela bela noite o que ia no coração de ambos. Frustrações, alegrias, fim de ano, amizades, amores e olhar para o futuro. Recebi naquela noite uma dádiva: me senti privilegiado por poder conviver e contar com aquela menina maravilhosa. O mundo definitivamente era um bom lugar apenas por ela estar por aí.
Há alguns anos venho me desafiando a enxergar meus alunos o mais possível como seres humanos. Aqueles que são professores sabem como isso é difícil por vezes, pois o trabalho dá com uma mão e tira com a outra. No caso da Julyara, ela á como todo mundo: está batalhando pela vida, encontrando os amigos, comendo chocolate. Mas nos olhos dela também transparece a cristalina realidade: ela não desistiu de ser aquela menina de inteligência e sensibilidade densas como a Terra ancestral na qual vivemos...
Fico feliz por saber que o grande encontro da Julyara já aconteceu: há tempos ela se encontrou consigo mesma...
Um comentário:
ooooiii
adorei ter te visto novamente. matar as saudades, ver com eh q vc tah, foi mto legal
eu gostei mto do seu post eu fique mto surpresa, mto obrigada
saiba q vc eh mto especial e importante na minha vida
te adoro
da sua antiga aluna
Julys
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